Há muito não víamos um metroidvania 2D estiloso e com tanta personalidade quanto Ori and the Blind Forest, primeiro grande projeto da Moon Studios lançado em 2015. A sequência, Ori and the Will of the Wisps, chegou em 2020 e consolidou de vez a boa fase do estúdio austríaco, mostrando que com os investimentos certos é possível, sim, alcançar novos patamares. Arrisco dizer que ambos os títulos são duas joias preciosas do catálogo first party da Microsoft.
Os fãs estão prontos para a próxima aventura no universo de Ori? Certamente — inclusive, alguns mal perdem por esperar. Mas o que a Moon Studios tem para oferecer a seguir é muito mais que uma joia preciosa. Na verdade, se lapidada com carinho e sabedoria, No Rest for the Wicked pode se tornar um belíssimo anel de diamante.
O novo RPG de ação da Moon Studios é aquele tipo de experiência que une muitos elementos marcantes à sábias decisões de game design para entregar algo fora da caixa e muito original. De fato, ainda há um caminho a percorrer, mas o que foi mostrado até aqui é de muita qualidade.
Nos últimos dias, passamos algumas horas enfrentando caranguejos e outros inimigos desavisados no universo intrigante de No Rest for the Wicked, que tem todo o necessário para ser aquele tipo de jogo inesquecível. Quer saber mais sobre as nossas impressões? Então confira a nova prévia do Voxel a seguir!
Sem descanso para os ímpios
Ao começar a jornada em No Rest for the Wicked, os jogadores são introduzidos a uma bela cinemática com direção de arte pitoresca, representada por um drama familiar no melhor estilo Game of Thrones — com sorte, o desfecho pode ser diferente.
Repleto de guerras civis e politicagem, a trama do jogo gira em torno da família real, em que Magnus, filho do rei Harol, assumiu o reino após a morte do pai. O grande problema aqui é que o primogênito exala a personalidade de Joffrey Baratheon: um mimado despreparado pronto para tomar a primeira decisão ruim que aparecer.
No Rest for the Wicked tem claras inspirações em Game of Thrones.Fonte: Steam
Enquanto a crise se instala nos salões reais, o reino de Sacra, região na qual No Rest for the Wicked é ambientado, sucumbe aos terrores da Pestilência, uma peste que transforma seres humanos em criaturas terríveis, que só podem ser combatidas por guerreiros místicos chamados Cerim.
O game possui um vasto sistema de criação de personagens, que são bem caricatos e parecem bonecos de ceira derretido — mas tudo isso faz parte do charme. Aqui, você será o Cerim que deve lidar com todos os tipos de criaturas, enquanto se movimenta nas sombras de conspirações políticas no reino de Sacra.
O universo de No Rest for the Wicked é algo realmente peculiar que evidencia uma notável evolução da Moon Studios na criação de suas próprias mitologias. As inspirações em jogos como Diablo, Bloodborne e Dark Souls são muito claras, mas é tudo unido de uma forma fantástica ao próprio DNA do estúdio austríaco.
O fato é que a Moon Studios mostrou que tem talento de sobra para criar jogos além das plataformas 2D da franquia Ori.
Receita à lá souls, mas com DNA da Moon Studios
No Rest for the Wicked é incrivelmente competente em tudo o que se propõe a fazer. Ele se recusa a ser só mais um RPG de ação — e tem moral para isso. Se a Moon Studios surpreendeu o mercado indie com Ori, espere até só ver o que vem por aí.
FromSoftware fazendo escola! O gameplay de No Rest for the Wicked é uma espécie de soulslike, mas com o próprio DNA da Moon Studios.Fonte: Steam
Diferente das experiências tradicionais do gênero, aqui os jogadores terão total controle sobre o próprio personagem. O combate vai muito além de meros ataques escriptados e a variedade de opções de armas no arsenal é de cair o queixo — isso sem mencionar que cada uma delas tem uma dinâmica diferente no gameplay.
Aos jogadores de mago, saiba que aqui você também poderá ser um e dispor de um vasto leque de habilidades diferentes, desde círculos de fogo até teleportes — além de também desferir golpes físicos.
Neste aspecto, é evidente que No Rest for the Wicked bebe da fonte FromSotftware, já que une a variedade de classes de Elden Ring com o cenário de terror gótico de Bloodborne e o combate cirurgicamente apurado da franquia Dark Souls. Além disso, ele também conta com uma visão isométrica à lá Diablo que lhe dá um charme encantador.
Os recursos de parry e esquiva funcionam muito bem e é realmente impressionante o quanto No Rest for the Wicked é um soulslike de carteirinha. Assim como em suas inspirações, aqui você deverá pensar de forma inteligente e estudar cada movimento dos seus inimigos antes de agir — qualquer erro é realmente fatal.
Alguns monstros de No Rest for the Wicked parecem que saíram direto das ruas de Yharnam, a cidade gótica onde Bloodborne é ambientado.Fonte: Steam
O design artísticos dos boss e dos monstros, assim como dos NPCs, é algo a se comentar. Alguns chefões são verdadeiramente assustadores e muitos deles parecem ter saído direto dos becos escuros de Yharnam, de Bloodborne. Fora que também são bem difíceis de derrotar e possuem muitos padrões diferentes de golpes.
Por sorte, se você morrer, voltará à um ponto de save e todos os monstros da área que você derrotou não aparecerão mais. Portanto, ao mesmo tempo que o game é desafiador, ele também é justo com os ímpios — principalmente para aqueles curiosos que exploram cada canto do mapa.
Surpreendentemente imersivo
E por falar em mapa, a ambientação de No Rest for the Wicked também é digna de elogios. Se você for do tipo explorador, se dará muito bem aqui, já que o jogo não é do tipo que facilita o loot para você.
Cada canto tem algo escondido, seja em um monte de plantas para você se pendurar e descobrir novos lugares ou em placas sutis de madeira nos cantos da parede. Você será muito bem recompensado se tiver paciência de desbravar cada detalhe de No Rest for the Wicked.
Além disso, os loots dos baús são aleatórios — o que é uma ótima notícia, pois torna cada uma das jogadas algo totalmente diferente. Se tiver sorte, poderá dropar algum item valioso durante essas investidas. Se não, bom, melhor procurar por mais baús.
Curiosos que se entregarem à exploração serão muito bem recompensados em No Rest for the Wicked.Fonte: Steam
O mais intrigante é que os mapas não são gerados proceduralmente, como alguns RPGs de ação por aí — e mesmo assim a Moon Studio ainda consegue surpreender com variedade de situações em cada tentativa de passar uma fase. O clima dinâmico e o sistema de dia/noite também ajuda ainda mais neste aspecto.
Por fim, como se ainda não fosse o suficiente, No Rest for the Wicked também ostenta um sistema de gerenciamento de recursos que é muito completinho, onde você terá que evoluir vários aspectos da vibrante cidade de Sacrament.
Coletar lenha e outros itens para otimizar ferreiros, comerciantes e cozinheiros, além de criar sua própria casa, são apenas algumas das tarefas que você terá no jogo. Na verdade, investir tempo nesse sistema é tão satisfatório e gratificante quanto gerenciar seu próprio personagem.
Investir no progresso de Sacrament é tão satisfatório quanto cuidar dos equipamentos do seu próprio personagem.Fonte: Steam
Se melhorar alguns pontos específicos, como quedas pontuais na taxa de quadros, e calibrar o sistema de batalha, deixando golpes e parrys mais concisos e precisos, No Rest for the Wicked tem potencial de sobra para ser um dos maiores jogos do gênero. A Moon Studios está realmente trilhando o caminho certo para inovar a fórmula dos RPGs de ação.
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