Os esportes eletrônicos, ou eSports, já se consagraram como um importante nicho no mundo gamer — sendo muito bem representados por títulos como Valorant, League of Legends e Counter-Strike 2. Nesse contexto, a competitividade não apenas faz parte da diversão, como também desafia o setor da tecnologia na busca de soluções ainda mais eficientes para acompanhar os profissionais. Seja um mouse mais leve ou um monitor com latência mínima, cada detalhe importa nas competições.
Naturalmente, essa demanda provocou uma onda de mudanças nos acessórios gamer, que passaram a priorizar desempenho a quaisquer funções “extras” — Naked Snake ficaria orgulhoso! Em outras palavras, isso significa que as infames luzes RGB, por exemplo, perderam o lugar para carcaças cada vez mais leves. Em alguns casos, há até mesmo a remoção de baterias, cabos e muitos outros recursos que não beneficiam a jogabilidade competitiva.
Esse é o caso do Viper Hyperspeed V3, da Razer: um mouse discreto, portátil, mas extremamente poderoso. Priorizando o alto desempenho, o periférico se afasta de recursos icônicos da marca singapurense — mas será que vale a pena? Confira a review completa do Voxel, logo a seguir!
Antes de começar, ressaltamos que a análise não foi patrocinada pela Razer, que apenas cedeu o mouse para testes.
Design e Especificações técnicas
O Viper Hyperspeed V3 tem um design bastante clássico, especialmente quando comparado a outros modelos da Razer. Muito discreto, seu visual facilmente poderia ser confundido com um mouse retrô, mais voltado para os escritórios, sendo uma excelente alternativa para os usuários que preferem uma estética “menos gamer”.
Neste modelo, a diferença está nos detalhes de construção: há uma carcaça bastante leve, mas produzida em um plástico resistente. Seu acabamento fosco também ajuda a compor um visual minimalista, além de evitar manchas de digitais e o desbotamento da cor. O Viper Hyperspeed V3 conta com 6 botões e, surpreendentemente, todos são muito firmes e passam uma boa sensação de precisão.
Viper Hyperspeed V3 é discreto.
Na parte inferior do modelo, a estética minimalista prevalece, mas acaba denunciando seu preço. O Viper Hyperspeed V3 utiliza pilhas para funcionar, uma decisão que facilita sua manutenção e seu transporte em aviões — algo muito importante para os jogadores profissionais.
Neste caso, o problema está no mecanismo de acesso ao componente, que também guarda o dongle USB necessário para conectá-lo ao PC, tratando-se de uma pequena trava plástica muito similar às encontradas em brinquedos infantis. Apesar dela funcionar relativamente bem, não seria uma surpresa se acabasse quebrando inesperadamente com o tempo.
Viper Hyperspeed V3 é energizado por uma pilha AA.
A decisão de utilizar pilhas, consequentemente, também exige outros cortes. No visual, o recurso que mais “fez falta” foram as luzes RGB, que são tradicionais na maioria dos periféricos da Razer e se consolidaram como um diferencial.
Adiante, para manter o peso reduzido, tem-se apenas os botões padrão, além de um scroll fixo e sem rolagem infinita — ou seja, nada de botões dedicados para macro. Embora sejam opcionais, a ausência dessas funções pode desagradar o consumidor médio que espera um produto “mais completo”, considerando especialmente o equivocado viés de “mais caro, mais funções, e melhor”.
Viper Hyperspeed V3 (à esquerda) empalidece perto de outros mouses da Razer (Basilisk V3, no meio; Lancehead Tournament Mercury, à direita).
Se o visual não impressiona, mas também não decepciona, resta ao Viper Hyperspeed V3 surpreender com sua tecnologia. Nesse quesito, o modelo entrega alguns dos melhores componentes no mercado, resultando em um desempenho primoroso. No entanto, antes de prosseguirmos, confira a lista de especificações técnicas do mouse:
Especificações técnicas
- Formato: Simétrico para destros
- Pegada: otimizado para Claw e Fingertip
- Dimensões: 127,1 mm de comprimento / 63,9 mm de largura / 39,9 mm de altura
- Peso aproximado: 82 g (com pilha AA inclusa, 59 g sem a pilha)
- Iluminação RGB: Não possui
- Scroll com inclinação: Não possui
- Botões Programáveis: 6
- Vida Útil do Switch: 60 milhões de cliques
- Tipo de Switch: Switch mecânico de mouse de 2ª geração
- Sensor: Sensor Óptico Focus Pro 30K
- Sensibilidade Máxima (DPI): 30.000
- Aceleração Máxima (G): 70
- Velocidade Máxima (IPS): 750
- Polling-rate: 1000 Hz (até 4000 Hz com HyperPolling Wireless Dongle, vendido separadamente)
- Conectividade: USB Dongle
- Compatibilidade com estação de recarga: Não possui
- Pés do Mouse: 100% PTFE
- Cabos: Não possui
- Duração da bateria: Até 280 horas em HyperSpeed Wireless a 1000 Hz com a pilha AA inclusa; Até 75 horas em HyperPolling Wireless a 4000 Hz com a pilha AA inclusa
Ergonomia e Desempenho
Ao contrário do quesito estético, o Viper Hyperspeed V3 promete muito com suas especificações técnicas — e cumpre sem dificuldades. Com o sensor óptico Focus Pro 30K, capaz de entregar uma sensibilidade máxima de 30.000 DPI, o modelo oferece um nível distinto de precisão. E por falar nisso, vale lembrar que o uso de configurações tão altas de sensibilidade pode reduzir a latência nos inputs, desde que o jogador também ajuste as configurações em jogo e utilize um alto polling-rate.
Nesse aspecto, o Viper Hyperspeed V3 conta com o polling-rate máximo embutido de 1000 Hz. Contudo, o modelo alcança até 4000 Hz com o HyperPolling Wireless Dongle, vendido separadamente pela Razer — e também é compatível com outros mouses. Essa mudança possibilita que o periférico envie mais informações ao computador, o que também melhora sua precisão final. Todos os ajustes podem ser feitos pelo software proprietário da marca, o Synapse, que funciona bem e não apresentou problemas.
Com especificações técnicas tão robustas, não é uma surpresa que o Viper Hyperspeed V3 tenha um desempenho tão afiado. Mesmo quando comparado até mesmo com outros modelos topo de linha, como é o caso do Basilisk V3 — que uso diariamente —, ele ainda passa uma sensação maior de responsividade e precisão. Essa diferença é especialmente perceptível em jogos competitivos de tiro, como Valorant e Counter-Strike 2, onde a leveza e a ergonomia tornam os movimentos de “remada” menos cansativos.
Basilisk V3 (à esquerda); Viper Hyperspeed V3 (à direita).
Talvez pela maior capacidade de aceleração ou peso mais leve, se comparado aos 101g do Basilisk V3, o mouse garante uma sensação maior de fluidez e reação. A diferença, embora pareça negligível no papel, é perceptível sem esforços durante a jogabilidade. Utilizando os 30.000 DPI no mouse e ajustes internos no Valorant para equiparar sua sensibilidade a 800 DPI, tive a impressão de que os inputs registravam menor latência e “engasgos”.
No entanto, falando de ergonomia, é notável que o Viper Hyperspeed V3 sacrificou o conforto de apoios e outros “luxos” encontrados nos mouses assimétricos por mais desempenho nos jogos. Dessa maneira, embora seu formato não seja necessariamente incômodo no cotidiano, ele também não colabora para aliviar o estresse tátil nas longas sessões de trabalho. Durante esse caso de uso, que, ressalto, não é a sugerido para o modelo, comodidades como o scroll infinito fizeram bastante falta e me levaram a questionar o quanto sua presença prejudicaria sua performance — ou o seu preço.
Dimensões do Viper Hyperspeed V3.
De todo modo, o Viper Hyperspeed V3 atendeu as expectativas conforme sua proposta. Mesmo não surpreendendo em seu visual, o modelo é poderoso e muito discreto, se destacando na hora da jogatina. Enquanto o sistema de pilhas pode desagradar alguns usuários, também por sua fragilidade de acesso, ele é eficiente e oferece centenas de horas de uso. Por fim, o sistema de conexão via Dongle USB funciona apenas conectando ao PC, sem estresses com software extra — inteiramente opcional.
Vale a pena?
Custando cerca de R$ 750 em lojas varejistas, o Viper Hyperspeed V3 não é um modelo barato, sendo custoso mesmo para um mouse wireless. Claro, há modelos mais caros, talvez que ofereçam menos que o periférico da Razer, mas isso ainda assim é insuficiente para justificar o investimento do consumidor comum. E nesse caso, é especialmente importante destacar o grande público.
Pensando no maior custo-benefício, algo visado pela maioria dos consumidores, o Viper Hyperspeed V3 não faz tanto sentido. Com 30% de desconto, ou mais, o usuário pode adquirir mouses leves como o Hoku Pro (26.000 DPI, R$ 444,90) ou completos como o Logitech G502 X Lightspeed (25.600 DPI, R$ 569,99) e ainda terem uma excelente experiência de uso. E naturalmente, alternativas mais eficientes não desmerecem os méritos do periférico da Razer, apenas dificultam sua presença na ampla-concorrência do mercado.
Viper Hyperspeed V3 pode ser equipado com Dongle.
Dessa maneira, o Viper Hyperspeed V3 somente faz sentido para jogadores profissionais de eSports, ou de alto nível, que não se preocupam com orçamento. Isso não significa que ele será inadequado nas mãos de um jogador casual, mas que seu potencial completo só será plenamente aproveitado por usuários capazes de notar a diferença nos 30.000 DPI, a convertendo em vantagem na jogabilidade.
Nesse contexto, ressalto que o Viper Hyperspeed V3 atende perfeitamente sua proposta e até mesmo seu marketing. A reflexão é voltada para sua precificação no mercado nacional, que sofre influências diversas até chegar ao consumidor final. Ainda assim, caso esteja procurando um mouse sem fio mais versátil da própria Razer, com adição de RGB e mais recursos, há o Basilisk V3 Pro. Além dele, para os usuários que curtem chassis simétricos e com presença das luzes, há o Cobra Pro.
E aí, o que achou do Viper Hyperspeed V3? Teria um? Nos conte nas redes sociais do Voxel!