Veículos que cobrem tecnologia e produtores de conteúdo começaram a publicar nesta terça-feira (30) os primeiros reviews do Apple Vision Pro. O dispositivo foi bastante elogiado nestas análises iniciais, sendo chamado inclusive de “futuro da computação e entretenimento”.
Programado para ser lançado na próxima sexta-feira (2), o Apple Vision Pro inaugura o que a Maçã está chamando de “computação espacial”. O headset de realidade mista foi revelado ao mundo em junho do ano passado e serve como um produto para desempenhar tarefas de lazer e trabalho.
Os óculos podem ser controlados com os dedos, olhos e voz, sem telas para pressionar, mas com alguns botões no corpo do aparelho. Ele conta com total integração com iPhone e Mac.
Funcionando como uma espécie de computador com Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA), o Apple Vision Pro vem com dois displays com resolução 4K e tem um processador Apple M2 e o chip R1.
Considerado caro até para padrões norte-americanos, ele está sendo vendido em pré-venda por a partir de R$ 3,5 mil (cerca de R$ 17 mil na cotação atual) com 256 GB. As versões com 512 GB e 1 TB custam, respectivamente, US$ 3.699 (R$ 18,2 mil) e US$ 3.899 (R$ 19,2 mil).
“Futuro da computação e do entretenimento”
Um dos reviews mais elogiosos ao novo dispositivo da Apple é da CNBC. Todd Haselton diz que o aparelho é o “futuro da computação e do entretenimento” e que ele é o produto mais divertido que ele testou nos últimos anos.
O analista elogiou as telas do headset, que disse serem nítidas e coloridas, e que os displays são muito bons porque diminuem o efeito screendoor, caso de produtos mais baratos como o Meta Quest 3.
Haselton disse que o Apple Vision Pro é extremamente preciso nos comandos, que a navegação é fluida e que a experiência de imersão é única. Ele escolheu o cenário de natureza nos óculos e assistiu a filmes e séries como se estivesse no meio de um lago próximo ao Monte Hood (em Oregon, EUA). E quase se convenceu que estava mesmo no meio do ambiente selvagem.
Todd Haselton, da CNBC, elogiou a experiência de leitura no Apple Vision Pro (Imagem: Todd Haselton/CNBC)
“Eu compraria o Vision Pro agora se eu tivesse US$ 3.500 extras para gastar, mesmo que atualmente não tenha alguns aplicativos importantes”, ressaltou. “É o produto mais empolgante da Apple em anos e é o melhor exemplo até agora que isso se tornará uma nova computação”, finalizou.
“Computador facial”
Scott Stein, do site CNET, foi um pouco mais comedido, mas mesmo assim elogiou bastante o produto. Ele fez uma brincadeira com o conceito de computação espacial da Apple e disse que o Vision Pro na verdade é um “computador facial”.
O analista rasgou elogios à imersão que os óculos oferecem e afirmou que é fácil perder a noção de onde você realmente está.
Dentre outros pontos positivos, Stein ressaltou que o produto tem uma tela micro-OLED incrível, interface de controle mão-olho fluída, suporte com o iOS que dobra a quantidade aplicativos de entretenimento e para o trabalho e ainda o recurso de reproduzir de volta memórias 3D pessoais que foram gravadas pela tela.
Scott Stein disse que o Apple Vision Pro é o melhor weareble que ele já usou (Imagem: Josh Goldman/CNET)
Em contrapartida, Scott Stein escreveu que o Apple Vision Pro é extremamente caro, que a interface mão-olho nem sempre é perfeita, que muitos aplicativos não estão otimizados para o novo sistema operacional VisionOS, que não funciona se utilizado junto com óculos de grau e que a usabilidade com bateria externa e cabos é ruim.
“Você quer um computador que bagunça seu cabelo?”
O editor-chefe do The Verge, Nilay Patel, analisou várias qualidades do Apple Vision Pro. Contudo, ele propôs uma reflexão ao público de seu site. Apesar de afirmar que o headset pode representar o futuro da tecnologia, ele foi cético e considerou que a tecnologia ainda precisa evoluir.
Já que os óculos se propõem a ser um computador que pode ser usado no rosto, Patel questionou: “Você quer um computador que bagunça seu cabelo toda vez que você usá-lo? Você quer um computador que mancha sua maquiagem toda vez que você usá-lo? Você quer um computador que permita que a Walt Disney Company o impeça de tirar fotos do que você vê? Você quer usar um computador onde você facilmente não pode mostrar a ninguém o que você está olhando?”, provocou.
Apesar dos questionamentos, o analista disse que o Apple Vision Pro tem um display incrível, um rastreamento de mãos e olhos futurista, que a conexão com o ecossistema da Apple é de alta qualidade e que é muito divertido sair organizando janelas de apps por todos os lugares.
Dentre os pontos negativos, o especialista notou que há certa estranheza em utilizar o device, já que as personas (versões digitais das pessoas) são esquisitas e que é “meio solitário” ficar com aquilo na cara.
“Todas as características da primeira geração de um produto”
Joanna Stern, do Wall Street Journal, produziu uma análise em vídeo dizendo que apesar de ser excelente, o Apple Vision Pro tem “todas as características da primeira geração de um produto”.
Sobre este ponto, ela ressaltou que ele é pesado para ficar no rosto, que a bateria dura pouco, que por enquanto há poucos apps próprios, que de vez em quando ele sofre com bugs e que as personas são realmente estranhas.
“Mas quando você pensa em um dispositivo sem esses problemas, você imagina que ele poderia ser melhor do que ficar segurando um celular”, avaliou.
A analista exemplificou que o Apple Vision Pro pode ser um excelente parceiro na hora de cozinhar, por exemplo, já que ele pode mostrar receitas em tempo real no seu campo de visão. Ela também comentou que ele é uma forma excelente de otimizar o trabalho e se divertir assistindo filmes e séries.
“Mas isso vale US$ 3,5 mil? Isso fica entre você e a sua conta bancária”, brincou.
“Me sinto estranha quando volto para o mundo real”
iJustine é uma criadora de conteúdo com mais de 1,6 milhão de seguidores no Instagram e 7,1 milhões de inscritos no YouTube. Ela recebeu o Apple Vision Pro e fez um vídeo misturando unboxing e posteriormente review.
Ela se disse encantada com a tecnologia e brincou que depois de usar algumas horas, se sentiu estranha quando voltou para o mundo real. “É difícil para o meu cérebro compreender de novo que não posso olhar para alguma coisa, pinçar e trazer mais para perto”.
A influenciadora mostrou vários testes que fez com o dispositivo, incluindo o uso dele como um “monitor virtual”. Em um trecho do vídeo, ela mostra como todas as tarefas feitas no Mac podem ser realizadas no headset na realidade virtual, sendo que neste caso sua mão vira uma espécie de mouse ainda mais preciso.
Ela fez questão de ressaltar que a qualidade dos trechos mostrados no YouTube não são os mesmos do que quando a pessoa utiliza o óculos. E salientou que tudo nos óculos é ainda mais real e que a experiência é extremamente imersiva.
Por último, a criadora de conteúdo defendeu que não somente o Apple Vision Pro, mas outros equipamentos que se moverem nesta direção vão inaugurar um “mundo completamente novo” em setores como a produção de conteúdo e publicidade.