As lentes são, sem dúvidas, uma das maiores e melhores invenções do homem. Elas nos dão a oportunidade de desbravar mundos minúsculos, em microscópios, e um vasto universo através dos telescópios.
Mas de quem foi a ideia de apontar lentes para o céu, e como pensaram em montar o primeiro telescópio? Saiba um pouco mais sobre a história dos telescópios e se você pode montar o seu próprio.
Ao apontar um telescópio para o céu, algo magnífico pode acontecer.Fonte: Getty Images
As lentes da curiosidade
Não há uma data exata para a invenção das lentes. Desde tempos remotos, cristais transparentes e translúcidos eram utilizados para diversos fins. Seja para acender o fogo com a concentração da luz do Sol ou aumentar objetos, essas lentes primordiais têm sido motivo de curiosidade para nós.
Moeda comemorativa dos 400 anos da invenção do telescópio.Fonte: Wikimedia Commons
Com o passar dos anos, percebeu-se que diferentes formatos de lentes, conseguiam concentrar ou desviar a luz. E em 1608, Hans Lippershey, um fabricante de lentes holandês, desenvolveu um instrumento que combinava uma lente em cada ponta de um tubo, capaz de aumentar objetos à distância em 3 vezes. Nascia o primeiro telescópio.
Contemporâneos de Lippershey, Zacharias Jansen e Jacob Metius também disputaram o posto de inventores do telescópio. Mas é de Hans a data mais fiel da invenção.
A corrida contra a aberração cromática
A novidade não ficou no sigilo. Logo a invenção foi parar nas mãos de Galileu Galilei, que não apenas construiu um telescópio para si, como também o aprimorou em 1609. Com as melhorias feitas por Galileu, o telescópio conseguiu aumentar os objetos distantes em 30 vezes.
A Galileu foi imputada, durante muitos anos de forma errônea, a invenção do telescópio.Fonte: Getty Images
Observando o céu com sua nova ferramenta, Galileu identificou quatro luas em Júpiter, descreveu a superfície irregular da Lua, observou fases em Vênus, descreveu manchas solares e apoiou ideias que o levaram a prisão domiciliar até sua morte.
Galileu apoio a teoria do Heliocentrismo, proposta por Nicolau Copérnico, o que lhe rendeu uma prisão e a suposta frase: Eppur si Muove (No entanto, se move).Fonte: Getty Images
Mas o desenvolvimento do telescópio estava só no começo. Em 1611 Johannes Kepler, estudioso na área da óptica e da astronomia, desenvolveu seu próprio telescópio, implementando algumas modificações nas lentes.
Ainda refrativo, o telescópio desenvolvido utilizava duas lentes, uma côncava no lugar da objetiva, e uma convexa, o que proporcionava um melhor campo de visão, porém com uma imagem invertida. As observações astronômicas de Kepler foram fundamentais para que a teoria do heliocentrismo fossem aceitas.
Graças as observações de Kleper a teoria do heliocentrismo foi aceita. Fonte: Getty Images
Apesar das grandes observações, realizadas não apenas por Kepler e Galileu, havia uma interferência significativa na luz que os telescópios refratores captavam. A aberração cromática é um fenômeno óptico devido a deformidades na lente, que fazem com que a luz se desvie em diferentes ângulos ao invés de ficar concentrada.
A retificação das lentes, além da utilização de outras estratégias, já haviam sido pensadas por outros cientistas como Christiaan Huygens, em 1655.
Porém o início para a solução do problema só surgiu com Isaac Newton, em 1668. Não apenas lentes, espelhos também começaram a ser utilizados, desenvolvendo um novo tipo de telescópio: o refletor.
O telescópio Newtoniano recebe a luz, que reflete em espelhos, até refletir em uma imagem pela lateral.Fonte: Wikimedia Commons
A solução de Newton, apesar de ter representado uma melhora, não conseguiu resolver completamente o problema. Ele acreditou que havia feito o máximo e que não haveria como resolver a aberração. E de fato, apesar dos esforços de outros cientistas como Laurent Cassegrain e John Hadley, não teve, até 1729.
Chester Moore Hall, quase conseguiu extinguir o problema, utilizando duas lentes com vidros diferentes, fusionadas. A diferença dos materiais proporcionou uma concentração melhor da luz, diminuindo os efeitos da aberração. Desde então, os telescópios só tem se aprimorado, utilizando tecnologias jamais pensadas para um ‘brinquedo’ que aumentava objetos em três vezes.
Refrator ou refletor, qual é o melhor?
Hoje existem diversos tipos de telescópios, mas os refratores, que utilizam apenas lentes pareadas, ainda tem seu espaço, principalmente com o aprimoramento no tratamento de lentes.
Os telescópios refratores utilizam um conjunto de lentes que convergem a luz em ponto focal.Fonte: Getty Images
Você pode construir seu próprio telescópio refrator, com materiais recicláveis ou de baixo custo.
Já o refletor é um pouco mais complexo, sendo escolhido por sua versatilidade e campo de visão. Com espelhos gigantescos, esse tipo de telescópio já foi enviado ao espaço, como o Telescópio Hubble.
Os preços variam dependendo do tamanho do espelho e, consequentemente, da distância de focal. A escolha do telescópio depende do seu objetivo final.
O telescópio pode ser um bom investimento para quem tem a astronomia como um hobby ou pretende se especializar na área. Fonte: Getty Images
Ao infinito a além
A história que começou com lentes mal polidas, hoje está sendo escrita com leitura de ondas magnéticas, sistemas de rastreamento automatizado, imagens com megabites de resolução, viagens ao espaço. Tudo graças a simples lentes colocadas em um tubo em 1608.
As lentes têm, e sempre tiveram, diversos usos, seja na navegação, na correção de problemas oculares ou no estudo da óptica. Entretanto em especial no campo da astronomia, elas nos levaram a lugares nunca imaginados e estamos ansiosos para saber quais serão os próximos capítulos dessa história.
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